Um itinerário que vai do universo simbólico do discurso à ação prática, expande o mesmo universo simbólico e gera mais ação. O fim da comunicação é também o seu princípio, “um processo ilimitado e potencialmente eterno”, segundo Arendt (1997). Um itinerário que sai do oikos e ingressa na polis. Na ação, na polis, reside a possibilidade de liberdade e a expansão do espaço público, da política, transformando o animal laborans em zoon politikon. Arendt, também chama a atenção para os riscos da apolitização, que potencialmente inverte essa condição, transformando a potencial liberdade em escravidão e aumentando o predomínio do animal laborans sobre o zoon politikon .
O fim da comunicação, nas organizações, enquanto tendência objetiva, intencional, tem se alinhado a qual característica conceitual da condição humana? Animal laborans ou zoon politikon? A análise desta questão é fundamental para qualquer que seja a pretensão do discurso e da prática empresarial e, portanto, para a comunicação empresarial enquanto ciência aplicada.
Tratamos a organização como oikos, um microambiente com características domésticas, ou como polis, o espaço público, um macroambiente onde a discussão política prevalece na mediação entre os sujeitos? Pode fazer uma enorme diferença planejar a comunicação frente às características de um, ou de outro ambiente empresarial. Os discursos e ações práticas podem se apresentar de formas distintas e se traduzir em resultados divergentes frente à estratégia empresarial, seus objetivos e metas. Não se trata de certo ou errado em relação ao trabalhador ou ao ambiente, mas de ajuste de foco. É papel de cada organização operar a comunicação segundo sua cultura.
Somente o profundo conhecimento sobre o ambiente e o sujeito dá pistas sobre o que pode ou não ser desenvolvido, em termos de planejamento de comunicação, nos diferentes ambientes empresariais. A comunicação enquanto finalidade requer muita pesquisa e análise. A tarefa complexa de gerir comportamentos no espaço da organização sugere uma reflexão acurada sobre o fim da comunicação, sob pena de perder-se o “fio da meada”, tornando a ação um mero discurso e simbolizando em demasia a prática, eternizando limites e limitando potencialidades. Será este o fim da comunicação empresarial?
ARENDT, Hanna. A Condição Humana. 8a edição, Rio de Janeiro, Forense, 1997
ELABORADO POR:

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (2006), Pós Graduação em Marketing, com ênfase em Gestão de Negócios pela ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing (1997). É graduado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Taubaté (1992), Possui o curso International Corporate Communications pela Aberje e Universidade de Syracuse - Nova York (2007) e PDE - Programa de Desenvolvimento de Executivos pela Fundação Dom Cabral (2006). Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Comunicação Empresarial, e Marketing, com ênfase em gestão do relacionamento com o cliente. Diretor do Capítulo ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial no Vale do Paraíba. Foi membro da Petrobras no Comitê de Relacionamento Comunitário da ARPEL - Asociacón Regional de Empresas de Petroleo y Gas Natural en Latinoamerica y el Caribe.
FONTE:
http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=548&ID_COLUNISTA=72